quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Atrapalhada eu? Histórias de Ronilma

Por conta de uma infecção na garganta, esta semana tive que ficar uma tarde toda no hospital, quieta...Sem poder fazer quase nada.
 Na mão direita um soro, e  com a direita segurava o aerosol.

Enquanto isso, o telefone estava ali jogado no meu colo, com vibrações de alertas a cada 30 segundos...WhatsApp, Facebook, gtalk, ligações de pessoas que sabiam que eu estava só no hospital, mamãe, irmãos, amigos...Eu precisava atender!

Os enfermeiros passavam por mim a todo instante , estavam ocupados demais para se importar com um telefone tocando, seria o cúmulo da mordomia, pedir pra que atendessem minhas ligações.

Foi quando, comecei a sentir uma coceira súbita nas costas, olhei pro lado, havia uma moça com perna engessada por conta de uma queda de moto,  não dava pra contar com essa opção...O jeito foi usar a mão direita, com a qual  segurava o aerosol, como não tinha onde colocar o aparelho, tentei usar a torneirinha do aparelho pra matar a coceira, foi quando derramei metade do liquido que eu deveria inalar...Oh. oh.. Droga! Tinha que ser eu, senhorita atrapalhada, derramando o próprio medicamento! E olha que eu tinha procurando o hospital por iniciativa própria, sem pressões da família.


Aproveitei que já tinha derramado mesmo o liquido, e tirei uma foto..rs
Ninguém viu, então resolvi continuar e coçar o resto, ahhhhhh que alivio!

_ Tudo bem dona Ronilma! perguntou o médico.

_Ah isso é hora de aparecer! Quase me flagra derramando medicamento (sem querer), se tivesse vindo um pouquinho antes, podia  ter atendido o telefone, ou coçado minhas costas...(Pensei)

 _ Já acabou o aerosol?

_sim ,sim...( envergonhada)

_Passou a falta de ar?

_ Não doutor, até agora não fez nenhum efeito...

_ Quer outro?

_ Quero, quero! Por favor... ( Até porque derramei metade...)

E fiquei ali por mais uma hora, e nesse tempo de ociosidade fiquei tentando lembrar a origem de ser assim, as vezes tão atrapalhada em algumas coisas, já que não podia atender o telefone, ou mesmo ver as notificações, resolvi apenas buscar alguns fatos na minha memória.


E lembrei de que quando eu era criança, talvez uns 8, 9 anos, adorava entrar no quintal do vizinho, para "furtar" frutas...Tamarino ( que servia como objeto de suborno), eu dava a minha irmã mais velha, para que ela me deixasse ficar na rua, sem contar nada a nossa mãe. Muruci, uma fruta que gosto muito, mas que merecia uma ação bem mais planejada, já que ficava quase na porta do vizinho.

Eu  sempre ia com uma coleguinha, e teve um dia que eu estava com a chave de casa, minha sacola de frutinhas furtadas já estava quase cheia, quando o meu vizinho apareceu com uma espingarda.

_Saiam já do meu quintal suas molecas, ou vou encher vocês de bala!

Saímos em disparada, minha preocupação de criança era chegar viva até a cerca, e com o saco de muruci intacto, foi quando ouvi um barulho de molho de chave caindo...

Olhei para trás e era o meu molho de chaves! As chaves de casa, olhei para frente e minha coleguinha já cruzava a cerca da liberdade, e eu no dilema, entre e a cruz e a espada, ou melhor entre a cruz e espingarda, tive que voltar para pegar o molho! ( Ou levava uma sova de mamãe).

Voltei e encarei aquele velho com uma espingarda apontada em minha direção, com uma expressão que jamais entendi até hoje, era um misto de raiva, susto e um sorrisinho maquiavélico, meio que contemplando o meu desespero em meio aquela situação.

Procurava o molho em meio as folhagens,  apenas com as mãos, com o olhar fixo no vizinho, pra ter certeza que ele não me daria um tiro enquanto eu procurava. Achei e saí  correndo o mais rápido que pude, não tenho certeza, mas  acho que ele abaixou a arma, porém soltou  um cachorro  atrás de mim.

Cruzei a linha da minha liberdade,( a cerca! ) e estava finalmente salva, já no quintal da minha amiga.( da onça, já que me deixou lá sozinha...)

Enfim...De lá pra cá foram muitas histórias dessa garota atrapalhada, como por exemplo na única vez na vida, em  que encarei um garoto lindo, que sorria pra mim no meio da rua...Resultado:  dei de cara num poste. De lá pra cá jamais encarei alguém de novo!  Não por timidez,  mas nunca se sabe quando vai ter um poste a sua frente, sabe como é... Colocam postes nos lugares mais improváveis!

( O desfile aos 8 anos, onde eu era a primeira da fila e fui pelo lado errado, o café que sempre derramo em algum móvel, o tropeção na entrevista de emprego, o dedinho do pé que sempre bato em algum móvel, as portas que nunca abrem, as passagens de vídeo, onde caio, caio e caio. Quem nunca caiu no meio da rua, definitivamente não sabe o que é ser o centro das atenções, rsrs)

O soro acabou, a inalação de aerosol também e não conseguir lembrar  a origem nessas 4 horas que fiquei no hospital,  mas ainda vou ter historias pra contar, só espero que melhores.

Sempre prometendo a mim mesma, não tentar derrubar nada que esteja a minha frente =)

Quem sabe em 2014 !


Um comentário:

  1. Eu estava neste meu mundo do discurso e sem conversar com quase ninguém nos últimos 10 dias de escrita intensa e, então, encontrei seu texto. Fiquei imaginando você nesses tropeções e quedas. Ri horrores! Perdão, amiga. Não pude evitar. Amigas também são para divertir as outras. Num é? rs

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