sábado, 14 de janeiro de 2017

Santarém – Amor, saudade e vítima de um amor gigolô

Artigo escrito em 2015 ( resolvi compartilhar hoje por aqui) - Abraços!
Imagine viver em lugar tão encantador, onde a natureza consegue ser generosa todos os dias. Onde o encontro de dois gigantes não vira briga, mas espetáculo, e um dos mais fascinantes. É assim com os rios Amazonas e Tapajós.
Sim, eu gostaria de dizer a Gonçalves dias que aqui ainda é possível ouvir pássaros que gorjeiam, que a minha terra tem primores que eu não encontro em outro lugar e que em nenhum lugar do mundo, as aves gorjeiam como cá…
Em Santarém, o clima é quente! Mas, quem mora aqui sabe que é um calor diferente, não é só a alta temperatura, mas é um calor humano.
É o calor dos santarenos que se reconhecem e se encontram nas conversas desprendidas, que surgem no mercado, na orla, nas banquinhas de tacacá ou em uma caminhada no bosque, porque por aqui é tão fácil conversar.
 Em Santarém tem um povo de fé e de luta, de gentilezas extremas, de chamar o estranho de “mano, meu mano, maninho”, de oferecer um
cafezinho, de se tornar amigo do carteiro, o estranho de todos os dias, “_ senta aí seu moço, toma um copo d’água ao menos, pra matar
essa calorão.”
 “ Ah! Santarém do meu coração!
Terra mimosa, de paz e de sonhos de amor.
Santarém do meu coração!
Lindo jardim, vivaz canteiro do Céu todo em flor.”
Versos que canto e ouço desde menina, imagens que busco ao olhar para minha terra tão querida, mas que não encontro na realidade. Minha linda Santarém é tua a praia de água doce mais linda do mundo! O santareno sempre soube disso e o estrangeiro confirmou.Conhecida como o Caribe brasileiro, Alter do chão, o The Guardian elogiou.
Lamentável, porém, e não haver sequer uma estação de tratamento de esgoto, para preservar algo tão maravilhoso, e essa PROVA DE AMOR até agora nenhum político demonstrou.
Alter do Chão contribui para que Santarém tenha um dos maiores PIBs do Estado, e pra onde vai o dinheiro desse povo? Parte, certamente, para grandes campanhas de marketing, a mais recente é “ Eu amo Alter do Chão”.
Sinceramente isso tudo é muito lindo, o marketing acertou, mas o político deixou de fazer a sua parte. Cadê o respeito e a dignidade, a estação de tratamento de esgoto que há anos já deveria estar lá.
Será que amar é não reclamar? É como um amor bandido, que além de bater, quer também calar. Alter do Chão de resultados politicamente manipulados e apresentados como a última sensação. Não há novidades nos resultados, é só a velha política do pão e circo, com uma nova versão, resultados apresentados, recebidos com uma alegria inocente pelo povo que verdadeiramente ama esse lugar.
Depois da apoteótica apresentação…Entre os políticos, uísque e muitos acordos a rolar. É assim a mola propulsora desse mundo, chamada “poder”.
Não manipule meu povo moço, não somos do seu curral, por aqui há consciência e amor real por essa terra. Não queira ensinar essa gente
simples a não cobrar os seus direitos, dizendo que isso é feio.
Feio mesmo é mentir, feio mesmo é a corrupção, essa manipulação, os bastidores políticos e toda essa podridão disfarçada e apresentada
como um amor gigolô, bandido…Isso é quase uma nova tentativa de catequização.
Querem me ensinar a não cobrar, a não exigir os meus direitos, a não reivindicar o retorno e boa aplicação dos meus impostos, impostos de
um povo que sai para labuta todos os dias esperando ver dias melhores.
Não fale mal do lugar onde vive, diz o politiqueiro. Se falar mal é dizer o que vejo, o que sinto e vejo minha gente passar todos os
dias, vou ter que ser mal vista por aqui.
Por isso escrevo textos, ainda que censurada ou fortemente apedrejada, porque amo meu lugar, minha cidade, minha gente, e continuarei fazendo minha parte, seja não jogando lixo no chão, seja cobrando a estação de esgoto na minha Bela Alter do Chão, e principalmente escolhendo melhor na próxima eleição.
Decidir escrever por mim, pelo povo que ama esta terra, como eu, e por todos os santarenos que daqui saíram e, em uma terra estranha, foram recomeçar. Sem oportunidade, sem emprego, o negócio é arriscar, ficar longe da família, dos amigos, longe do seu lar.
Quero qualidade de vida, mais emprego, melhor educação, saneamento, segurança, não ver lixo espalhado pelo chão e não ver político fazendo manipulação, por não conseguir de fato resolver os problemas da população.
Cuidar da imagem não é a mesma coisa que cuidar do lugar, cuidar do lugar é cuidar da nossa gente, é olhar para as necessidades básicas de
um povo.
Quero que minha terra seja, além de bonita, o lugar para onde cada santareno que precisou partir, possa voltar. Que cada lágrima derramada em inúmeras despedidas possa rolar novamente, mas agora em expressão de alegria ao retornar à Terra Querida, e saber que pode aqui construir uma vida de oportunidades.
Enquanto isso não acontece, vamos nos unir a festa dos poderosos políticos, esses que ditam os rumos da minha terra, mas eles celebram
com uísque, e o povo, com pizza, trabalho e suor.
Sim, é como um amor gigolô, esse a que fomos domesticados, tudo dar, sem nada a cobrar.
( E assim segue a vida em Santarém)
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* É jornalista, especialista em Jornalismo Científico, cidadã santarena, apaixonada por Santarém, de fato e de verdade.

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