Livrai-me de um amor que não suporta o meu jeito simples e
minha gargalhada fácil.
Livrai-me de um amor sem exageros e sem extremos, sem sal e açúcar,
com meios termos e meias palavras e sonhos pela metade.
Livrai-me de um amor
que não saiba contar ou ouvir histórias, porque elas me fascinam... Eu mesma
invento uma a cada instante, só pra ter o doce prazer de fazer alguém sorrir.
Livrai-me de um amor que não sabe sentir a alegria de dançar
na chuva, ou de sentir o cheiro do mato – Alias quem nunca dormiu na proa de um
barco no meio do Amazonas sob um céu estrelado, ouvindo o coaxo dos sapos e o
barulho das ondas, certamente ainda não experimentou uma das melhores sensações
dessa vida.
Livrai-me de um amor sem gentilezas, e do sujeito chato que não consegue rir de si mesmo,
que é o senhor perfeição com formulas e
respostas para tudo na vida.
Livrai-me de quem não
tem coragem de dizer o que sente e que dosa gestos e sentimentos, fazendo do amor uma equação matemática.
Livrai-me do amor pateticamente comprado e engessado, que supervaloriza joias,
e esquece o valor e a magia de uma serenata na madrugada, ainda que
absurdamente desafinada.
Livrai-me de um amor pintado
como perfeito, e do sujeito musicalmente
certinho, que não ouve nada além de Chico Buarque e Caetano ( Longe de mim, abrir
margem para qualquer MC!)
Livrai-me de um amor cheio de eufemismos, porque prefiro o pragmatismo da coisa o “sim, sim ,não não” , já que o morno me dá náuseas!
Defina-se e decida-se ou eu te vomito!
Livrai-me de um amor pretensioso que deseja ser a minha metade da laranja, ou a minha alma gêmea
– Porque acho que não resistiria...E quebraria um vaso na cabeça desse ser supostamente
predestinado!
Não aguento nada que se pareça comigo, quero o diferente, o
novo, o inusitado, o surpreendente, embora constante.
Livrai-me desse amor programado que só gosta do que eu gosto, que
concorda com todos os meus pensamentos, que não confronta os meus erros, e
assume as minhas verdades, apenas por medo de perder ou de não ser esse amor
esperado.
Não que eu não queira
a sorte de um amor tranquilo... Só não me interesso por esse “amor” banal,
facilmente oferecido, pra quem acha que viver, é estar sempre em uma zona de
conforto.
Não acredito que alguém possa me trazer paz, sem
primeiramente conseguir balançar as minhas mais firmes estruturas.
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