quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Repórter que não viaja, que não se mexe, pode cair no sedentarismo mental

A foto, feita com um celular:
Dentro de uma voadeira do Exército,
lá para as bandas do médio para o alto Tapajós

Não esqueço da vez que um chefe de Redação foi enfático: a partir de hoje, repórter deste jornal não viaja mais. Isso está na cabeça de muitos "editores" e donos de jornal. É para "fazer economia". Seria como, numa comparação grosseira, se o dono da padaria deixasse de comprar trigo para "fazer economia".

Não faz tempo vi o dono de uma TV afirmando que as melhores câmeras da estação não deveriam ser levadas para coberturas de temporais e locais em que a poeira era intensa. A pergunta fatal: e para que servem essas câmeras?

É por essa mentalidade que o jornalismo foi ficando insosso, matérias copiadas, clonadas ou enxertadas com textos frios captados da internet, quer dizer, notícias e reportagens com pouca ou nenhuma novidade, informação de segunda e terceira mãos.

O sedentarismo mental que fatalmente acompanha o sedentarismo corporal de quem se rende ao computador, como se ali estivesse toda a novidade do mundo, ameaça devastar o velho e bom trabalho de ir para as ruas, para os ares, para as matas, para outros estados, outras cidades. Para ir aos bairros da própria cidade. Enfim, a notícia não está nem nunca esteve dentro de uma sala que chamam de Redação.

A notícia, como relato vivo e interessante dos fatos relevantes é produzida, em sua forma bruta, no campo de batalha profissional e não dentro de salas com ar condicionado diante uma tela iluminada. A mesa com o computador não é mais do que o lugar de sistematizar e organizar o material colhido na realidade da vida, lá fora.

A foto que acompanha este texto foi feita pelo Jota Parente, jornalista dos bons, de Itaituba, durante viagam domingueira juntamente com o também jornalista e professor Adelson Souza, no dia 19 de outubro de 2007. Íamos numa lancha pertencente ao Exército, na qual chegamos até a localidade de Maloquinha.

Ali, há muitos anos, houve um centro formador de religiosos franciscanos. Hoje, pertence a uma congregação não católica, e oferece hospedagem lá no alto de um morro à beira do Tapajós.

O passeio fluvial foi o coroamento de um fim de semana de encontro com jornalistas de Itaituba, dentre os tantos de que tenho participado pelo interior do Pará e Amazonas. Ao contrário do que podem pensar algumas cabeças metropolitanas, no interior da região há nichos de um jornalismo vibrante e competente.


O texto original está no blog do mestre Manuel Dutra; http://blogmanueldutra.blogspot.com/.

Manuel foi coordenador da primeira turma de jornalistas do Oeste do Pará. (do qual faço parte) Que merecidamente leva seu nome.

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