Uma militante solitária no campo adversário. Diariamente, a comerciante Leila Bastos Neves, 56, enfrenta as vaias e faz em Belém uma campanha por contra própria a favor da criação do Estado do Tapajós (oeste do Pará).
Ela cobriu seu carro, um utilitário esportivo 4x4, com adesivos do "sim" e instalou um potente equipamento de som para percorrer as ruas da capital paraense em busca de votos a favor da divisão.
De acordo com o Datafolha, Belém concentra a maior resistência à divisão.
O esforço de Leila é a pedido do filho, representante comercial em Santarém, que lhe pediu ajuda para que a região virasse um novo Estado.
Nem ela nem ele são políticos. Leila diz ter se engajado por se sensibilizar com a pobreza do oeste. "Teve uma época que os rios secaram lá, sabe o que o povo estava comendo? Calango!", disse.
Inicialmente, ela tentou fazer campanha também para Carajás (sudeste), mas diz ter encontrado uma rejeição maior à segunda proposta.
Mesmo assim, não são poucas as hostilidades recebidas. Pessoas passam pelo seu carro e respondem com polegares voltados para baixo --símbolo da campanha contra a divisão.
"O que me deixa triste é que as pessoas fazem gestos obscenos e não escutam a mensagem", desabafou.
A música tocada é sempre a mesma, o jingle da campanha: "Belém, Belém, Belém, não feche os olhos para esse povo, não". É colocando o som alto nesse trecho, "Belém, Belém", que Leila espera chamar a atenção dos paraenses da capital.
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